quarta-feira, 23 de julho de 2008

shit happens, você sabe bem disso, como todo brasileiro, que vive, sonha e trabalha. Eu, no auge dos meus dezessete (mentira, não estou no auge ainda - se é que poderá ter), sei bem como é. Brasileiro sonha acordado, brasileiro fantasia. Brasileiro não desiste nunca. Eu me desato a rir com essa miscigenação maravilhosa, gente de todas as cores, todos os tamanhos, qualidades e defeitos a mil! Obrigado Deus, por ter feito essa mistura maravilhosa que só tem aqui. Eu moro numa ilha, e já cheguei a imaginar que conheceria todos daqui algum dia (pelo menos de vista né, porque sou rodado), mas não, por incrivel que pareça, surpresas existem. Eu já teria cometido suicidio numa tarde de verão no centro da cidade se todos fossem iguais. Todos puxassem pra maioria, pelo menos. O clima daqui! É o fim do mundo. No centro, sem arborização, a famosa ilha de calor é presente e mais notória, os predios encimentados ou com vidros, o asfalto, os carros, as queimadas (eu queria dizer 'fábricas', mas a incidência de queimadas é maior que os gases poluentes emitidos por industrias no centro daqui), o suor, o povo, os assaltantes! É um filme que já rodou de mais, está batido. Já criei estratégias, elaborei mapas, conheço truques. Essa ilha é de transformar uma risada diabólica num grito estridente de angústia, agonia. Certa vez na praia, o waiter foi mais educado do que parecia ser, falso, era perceptível a falsa cortesia, o ensaio de cada dia, a dramatização que não se aprende, é do extinto e sempre soa pouco convincente. A tentativa de parecer gentil e educado foi só no começo. Depois ele abandonou tudo, voltou ao normal, deixou transparescer quem realmente era. Triste. Nessa ilha tem muita gente triste no ramo do comercio. Triste, de lamentar mesmo. Atendentes, caixas, gerentes, filhas da puta. Na maioria das vezes, sei que tem gente que engole muita coisa (principalmente dos gringos no reviver, à noite) para sobreviver, levar uma vida descente, mas o que custa simpatia e um pouco de educação no trabalho? Eu sou culpado por você ter problemas na sua vida conjugal, amorosa e falsa? Eu tenho culpa se você está com a cabeça quente pois tem nome no spc, e tem uma TV de 51 polegadas pra pagar em 36 vezes? Eu tenho culpa de você não ter um pingo de senso e nem educação? Não, não tenho, não vindo de onde eu vim; daqui mesmo. Problemas todos nós temos, somos brasileiros, como disse no começo. Constatação que sugere muito mais.

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